Jogos e atividades com bola, por exemplo, ajudam a conhecer o corpo e desenvolvem a coordenação motora de crianças em fase de alfabetização.

         A tarefa é complexa. Mobiliza 14 ossos digitais, cinco palmares, oito do punho, tendões e diversos músculos do braço. Tudo isso amparado por ombros e coluna vertebral. Toda a atenção é dirigida a um objeto de madeira que, graças ao sutil movimento de pinça do polegar opositor em conjunto com o indicador e o dedo médio, pressiona o papel, fazendo nele uma marca chamada letra.

         Esse é o resumo do que acontece em nosso corpo quando pegamos um papel e um lápis para escrever. Além do raciocínio, a atividade exige uma aprendizagem complexa no campo da coordenação motora fina. Por isso, é fundamental desenvolver essa habilidade na criança desde cedo. E a Educação Física é um precioso auxiliador.

         Cada vez mais, há estudos sobre a participação dessa disciplina, que se dedica ao corpo, no processo da alfabetização. Segundo eles, as atividades colaboram para um bom desenvolvimento motor e, consequentemente, melhoram a aprendizagem.

         Com 6 anos, a criança bem estimulada, já domina movimentos corporais fundamentais: corre, salta, equilibra-se bem em uma perna só, tem melhor domínio sobre materiais e escala pequenos obstáculos. Está na fase que os especialistas em psicomotricidade (relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade) chamam de corpo vivido. Tudo isso desenvolvido durante os anos anteriores, de forma lenta e progressiva.

         As brincadeiras e atividades realizadas durante as aulas de Educação Física, permitem às crianças aprimorar suas habilidades físicas, suas percepções de espaço e de tempo e, também, sua concentração, atenção, criatividade, expressão e ritmo.

         De um modo mais direto, há uma forte relação entre os movimentos realizados na "quadra" e aqueles feitos no caderno. O aluno necessita da percepção espacial bem trabalhada, para utilizar uma folha de papel: ocupar os espaços, respeitar as margens e linhas. Necessita da sua noção de ritmo e percepção temporal na hora da leitura, para a cadência correta das sílabas e palavras, boa harmonia e entendimento de pequenos textos. Para segurar e dominar o lápis, a criança precisa desempenhar o equilíbrio entre as forças musculares, flexibilidade e agilidade de cada articulação dos membros superiores.

         Portanto, entre esses e muitos outros exemplos de consequências, temos no estímulo ao movimento, um grande aliado no que diz respeito ao desenvolvimento, tanto físico quanto intelectual das crianças.

         A seguir, quatro exemplos de atividades e suas relações na sala de aula:

  * Condução de um arco (bambolê) pelo espaço da sala: Essa atividade trabalha a motricidade fina e exige o movimento de molinete (girar o punho), necessário para o desenho das letras.

  * Atividades pré-desportivos de basquete: Quando a bola bate no chão, imitando o fundamento do jogo, a criança precisa coordenar o movimento das mãos com o dos olhos, exatamente o mesmo que ocorre durante a escrita.

  * Lançar a bola ao alto, bater palmas e pegá-la novamente: Esse exercício traz vários cálculos embutidos. Quando o número de palmas cresce, a criança tem três opções: 1. Lançar a bola mais alto (aumento da força); 2. Bater palmas mais rapidamente (aumento de ritmo); 3. Agachar-se para pegar a bola (percepção espaço temporal). É uma atividade de fundo lógico-matemático, que trabalha diversos conceitos e exercita o tônus muscular, essencial para segurar o lápis de forma correta.

  * Atividade de "pega-pega" em espaço delimitado: A criança precisa buscar espaços vazios, para fugir do colega pegador. Atividade semelhante ocorre, quando a criança, precisa utilizar uma folha com equilíbrio e harmonia, para fazer um pequeno texto com ilustrações, no estilo tirinhas de gibi.

         Concluindo, são de extrema importância as brincadeiras e atividades físicas, bem conduzidas e trabalhadas, na Educação Infantil. Brincando, os alunos desenvolvem suas capacidades físicas e se preparam para escrever.

         Adaptado dos artigos:

* "A influência da psicomotricidade na alfabetização", Roberto Giancoterino

(meuartigo.brasilescola.com)

  * "Exercício Físico para escrever bem", Ricardo Prado

         (revista Nova Escola, 152)

  * "A contribuição da Educação Física para a Alfabetização", Michelle Pereira de Souza e Renata da Costa Peixoto

         (www.efdeportes.com)